Rio-Mar

Nada mais sou do que um rio

Que passa e não tem maré

Não sou nada além de rio.

Sou a água doce que alimenta os índios

E a morada dos peixes e das baraúnas.

Sou o rio que refresca os animais

que não mais aguentam esse Sol escaldante.

Sou um rio estreito com a profundidade do mar.

Sem maré, sou mais mar do que rio

De águas doces feito mel.

Sou rio pois minha água nunca é a mesma

Sou rio, pois sou do povo, dos índios e dos bichos.

Pertenço a natureza com seu explendor.

Sou o rio mais escondido da Amazônia

que testemunhou a chegada dos portugueses

e a brutalidade acontecida com meus caros amigos, índios.

Senti a dor da terra ao ter suas árvores e bichos mortos e levados para Portugal.

O gosto do sangue indígena foi dissipado em minhas águas,

E presenciei as índias esbeltas serem estrupadas.

Vi o desespero do meu povo ao ser arrebatado e enganado.

Só não pude trazer de volta a paz da tribo

Desde então escravizados e catequizados.

Vi de perto a luta para não deixar de lado a sua crença

E a morte pela doença trazida pelo homem branco.

Vi minha pátria ser saqueada e colonizada e

Nada pude fazer ao ver meus amigos sofrerem,

Mas minhas águas levaram todo sofrimento sentido

E as memórias que desejaram esquecer.

Por isso sou mais mar do que rio.

David Alex
Enviado por David Alex em 06/10/2017
Código do texto: T6134572
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