Marionete de mim mesmo
Não quero palavra sobre palavra
Quero protesto sobre protesto
De a cada dia
A mim mesmo prometer-me
Ser bem mais do que já fui
No dia anterior
Vacinado da corrente
De a cada dia
Não ser mais o que já sou
Para ser mais como for
Na manhãzinha
Vou buscar a última corda
Uma corda para trazer-me
Marionete de mim mesmo
Sempre que eu tender
Ao lado errado
Ou certo como queiram
Mas estar sempre comigo
Coerente
Guardado das negras e perigosas noites
Da corrente
(Brasília, DF, 26/abril/1974)