ORAÇÃO, AO PAI, NESTAS ELEIÇÕES...

Querido Pai, Deus bondoso!

Me livre nestas eleições brasileiras

me livre de mim mesmo e de fazer besteiras

me livre das urnas,

porque ali há cheiro de morte do meu Brasil.

Que o povo brasileiro saiba sepultar seus maus políticos

começando pelas urnas, passando pelas cadeias,

chegando aos cemitérios e, por fim,

desaparecendo da memória nacional.

Tu que nos ensinas a contar os dias de tal maneira

ajude-nos a identificar os números malditos

e encaminhá-los para as urnas funerárias:

que dali não voltem jamais os corruptos deste Brasil.

Neste findo dia de agosto,

livra-nos de qualquer desgosto

como o de eleger mais um cara-de-pau no país.

Queremos a paz social e um pouco de bem-estar.

Livra-nos da Globo e da Record

queremos ouvir o Som Maior

(e João Alexandre):

“Brasil, olha pra cima!

Existe uma chance de ser novamente feliz!”

Queremos ouvir o Som Maior

de uma canção que embale o sonho.

Os jovens de meu país precisam de esperança,

que entronizem Cristo em suas vidas

e que experimentem a bonança

de políticas bem resolvidas...

Querido Pai, amoroso!

Me livre, nestas eleições, do molusco

que grudou na elite à qualquer custo

e não quer largar do butim.

Me livre dos corruptos fingidos,

dos almofadinhas assumidos,

dos de cara limpa e riso fácil

e dos que atraem com fala mansa,

mas são raposas enganosas

espreitando o galinheiro...

Querido Pai, cuidadoso!

Me livre, dos militares atrevidos,

dos desbocados e falastrões,

dos ditadores enrustidos,

e de todos os ladrões.

Me livre das machudas exclusivistas,

que pensam que o país é gay

que querem impor sua crença

e de Baco fazer deus e rei.

Me livre das ratazanas fedidas

que saem do esgoto pras avenidas

em busca da carniça do povo.

Querido Pai, caridoso!

Me livre dos malucos abestados,

milagreiros desajustados

e todo o seu ar messiânico,

que se acham salvadores da pátria

mas desonram o país.

Precisamos de gente honesta,

altruísta, despojada

que não lute, luta armada,

a não ser com a seta do amor.

Querido Pai, gracioso!

Me livre dos engomados

e de todos os sem-terra;

dos que apenas pensam em si

em seu gueto e nada mais.

Os que neles a vida emperra

com seus atos obscenos,

endemoninhados gadarenos,

que chegaram ao Brasil

e abandonaram a justiça.

Só promovem aqui o mau

com uma política postiça.

Me livre dos que usam a fé

como forma de convencer.

Que estes sejam eliminados

e com todos os mascarados

parem com seu carnaval...

Querido Pai, misericordioso!

Me livre dos aventureiros simplórios

e dos testas-de-ferro e as fachadas.

Me livre dos apaniguados

e de todos os mequetrefes;

dos ranzinzas, carrancudos

e dos safados moleques.

Me livre dos que tem conchavos

e dos que ainda terão;

me livre dos seus malgrados

e dos que têm aleijão.

Me livre dos experientes;

dos inexperientes, também.

Me livre dos que apenas

querem trocar a gangue,

continuar a roubalheira

e derramar muito sangue.

Me livre, ó Pai, Deus Bendito!

Senhor dos céus e da terra,

Senhor, também, do Brasil:

desses eleitores risíveis,

que entendem de tudo e de todos,

que escolhem candidatos

somente condenando os outros,

e desnudam-se sem pejo

a tocar com realejo

a canção fisiologista

deixando no ar a pista

do absurdo nacional.

Me livre, ó Pai, Deus Glorioso!

Senhor dos céus e da terra,

Senhor, também, do Brasil:

de eleitores insensíveis

que ao pensarem pequeno

estreitam e fecham o funil.

Não há passagem pro Paraíso

nem transição pra liberdade

ou conquista da democracia

se mudanças não ocorrerem.

Mudanças que venham de dentro,

que venham da base do povo

e modifiquem o cenário.

Pois é muito temerário

continuar a assim viver

sem esperança e sem Deus,

sem fé e sem ter amor.

Há eleitores ingênuos

que abraçam causas perdidas

que compram ideias vencidas

em seus prazos de validade.

São voluntários da ignorância

assinando cheques em branco

pra políticos mau caráter

de quem se espera distância.

Ó Pai, me livre do bandido!

onde quer que ele esteja.

Em Brasília ou Mossoró

tenha ó Deus, do povo dó!

Esses políticos astutos

são mandantes do caos,

invasores de terras alheias,

depredadores de patrimônio,

laranjas podres do pomar,

vira-latas do poder,

travestis da verdade,

jagunços do asfalto,

cheiradores de bagulho,

andando de salto alto.

Me livre de qualquer bandido

seja o frágil pé-de-chinelo

que não tem qualquer anelo

quer apenas sobreviver;

seja o de colarinho branco

que deixa o Brasil manco

de tanto fazer sofrer.

Me livre, ó Pai, do canalha!

seja de que espécie for...

Tire dos púlpitos e tribunas

esta gente que atrapalha

o progresso do Brasil.

Tire das salas de aula,

também das câmaras e afins,

assembleias e congressos,

a maldição do Maluf.

Que a política no Brasil

não seja aposta de turf

em que cavalos pangarés

não têm vez, só tem revés.

Me livre, ó Pai, de mim mesmo!

cansei de andar a esmo

à procura de esperança

no território da política.

Me livre da gente insana

que age de forma acrítica

e vota em qualquer um

desde que lhe favoreça.

Que nosso país cresça

e amadureça candidatos

que saibam governar.

E o façam encorajados

pela Ética e Progresso

do país enamorados.

Por isso, Pai, te peço

nesta humilde oração:

Que o próximo político

a ocupar o Planalto

faça logo Plano Alto

de abençoar a nação.

Trabalhe duro pro povo

e aconteça um renovo

fruto desta Oração!

Josué Ebenézer – Nova Friburgo,

31/08/2018 (23h59min).