RESISTÊNCIA INDÍGENA

PELO DIA INTERNACIONAL DOS POVOS INDÍGENAS

Foi na dor da covardia

Que nosso solo foi invadido

Pareciam ser amigos

Os que vestiam trajes de gala

Chegaram em embarcações

Eramos muitos, milhões

Fomos para beira da praia

Avistamos nossos vilões

A guerra estava anunciada.

Logo se fez uma missa

A cruz nos pediram para fazer

Sacrificamos a árvore sagrada

Nessa cruz iríamos morrer

Era nosso o território

Pés descalços, corpos nus

Filhos da mata, de Nhanderú

Terra sem males, manchada de dor

Dominação!

Resistimos a força

Fugindo, esquivando,

Negando o sangue da nossa nação

Pedindo e implorando

Me chame caboclo

Mestiço irmão.

Calaram meu canto

Sangraram meu corpo

Estupraram minha mãe

Mataram meu pai

Olhei, espiei com uma dor voraz.

O tempo passou estou bem aqui

E quem está aí ainda quer me matar

Tirar meu direito

Meter bala no peito

Tomar meu legado

Me tirar o roçado

Me vestir com cifrão.

Eu grito aos berros

Meu mogno não!

O sangue desse cedro

Dói em meu coração

Me deixa mostrar o que sei

Sem precisar ser objeto de estudo, caracterização.

Eu posso ensinar a ti

Como resisti até aqui

A política que eu usei

Na estratégia de resistência

Na minha uka não existe congresso

Minha aldeia continuará

Resistindo às armadilhas do progresso.

Poema de: Márcia Wayna Kambeba

Márcia Wayna Kambeba
Enviado por Márcia Wayna Kambeba em 06/08/2020
Código do texto: T7028130
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