******* Canto XXVIII – Brasil Censurado, Povo Calado

Brasil censurado

Com medo abandonado

Injustiçado frustrado

Despreparado arruinado

Por um desgoverno indicado.

Silenciar o clamor

É pactuar com a dor

É negar ao sofredor

O direito ao redentor

Que a justiça prometeu por amor.

Não votar a anistia

É calar a maioria

É rasgar a biografia

De uma pátria que pedia

Liberdade, luz e valentia.

Quem teme o argumento

Oculta o seu fundamento

E fere o pensamento

Com o ferro do esquecimento

Pra manter-se no fingimento.

Brasil de togas caladas

De vozes ameaçadas

De mentes canceladas

De causas engavetadas

E esperanças sufocadas.

A verdade é um espelho

Que revela o vermelho

Do sangue do conselho

Ignorado em seu joelho

Ao clamar por um evangelho.

Não há paz sem justiça

Nem avanço sem premissa

Nem futuro com cobiça

Nem nação com submissa

A mentira que se enguiça.

É um grito engasgado

Um clamor censurado

Um destino sequestrado

Por um sistema blindado

E um povo renegado.

Mas o tempo se ergue altivo

Traz no peito o motivo

De um sonho coletivo

Que ressurge, vivo e ativo,

No olhar de um povo cativo.

Brasil, não temas tua dor

Transforma-a em clamor

Desperta com fervor

Rejeita o opressor

E abraça o teu valor!