TODOS NÓS ALFERES

Pelo que morreu Tiradentes e pelo que me mantém vivo,

Mastigo os grilhões e lanço-me vidente,

E vejo-me iluminado pela aurora da liberdade,

E sinto minha nação como uma imensa Vila Rica.

Do seu sacrifício, que é o nosso de cada dia,

Fico da mesma forma dividido, entre o bem e o mal.

Pois que na minha terra também nasce erva daninha,

Por entre os pés de algodão, cana e café.

O seu espírito caminha no verde da mata,

No azul do céu e o amarelo do sol - o ideal!

Pois que vermelho, só a marca do seu sangue no solo,

E branco, enrolado no seu corpo, um lençol.

A derrama agora é uma constante,

Mas a manhã do batizado ainda promete chegar,

E com ela a certeza do fim dos emboabas,

Ainda que me seja preciso dez vidas pois que, como tu, pela minha Pátria todas eu daria.

Poema escrito na década de 70, nos anos de chumbo da ditadura militar, transição de Geisel/Figueiredo.