O CABOCLO NA CIDADE

Sou simples, sou do mato,

Sou um caboclo nato,

Não conheço a vaidade.

Deixei meu rancho de sapé,

Viajei com muita fé

Pra conhecer a cidade.

Que movimento bruto!

Foi grande o meu susto

Quase não acreditei.

Foi num final de ano;

Só tinha quinze anos

Quando aqui eu cheguei.

Comecei a trabalhar,

Pensando me enricar

Ganhando só um salário.

Hoje eu me desiludo,

Um caboclo sem estudo

Não passa de operário.

Voltarei pra minha roça,

Na minha velha palhoça,

Isto eu falo com certeza.

Quero ouvir os passarinhos,

Tranqüilo no meu ranchinho

No meio da natureza.

Vou tomar a condução,

Nem que seja um caminhão

E voltar pra minha terra.

Aqui não quero ficar,

Isto nunca vai cessar

Parece uma forte guerra.

Uns correm para cá,

Outros correm para lá,

De automóvel ou de trem.

É um barulho incessante,

Não para um só instante,

Sossego ninguém tem.

NB.: Direitos autorais reservados.

João Barbosa
Enviado por João Barbosa em 15/09/2009
Código do texto: T1811397