FILHOS DO SERTÃO

Sou vaqueiro sertanejo,

Me chamo Joca de Tião.

Tenho a fama de ser brabo

E não dispenso meu oitão.

Se vejo cabra forgado,

Pego logo o disgramado

E dou surra de facão.

Nas caatingas nordestinas,

Corro entre os cardeiros

Atrás de um boi fujão,

Muito brabo e mateiro.

Mas eu tenho meu gibão,

Meu cavalo foguetão

E de nada tenho medo.

Na lavoura tem o mio,

Macaxeira e tem feijão.

No terreiro as galinhas,

Tem também a criação.

Uma vaca pra dar leite,

Tem um peru de enfeite,

Touro pra reprodução.

Em nossa mesa nunca falta:

Rolinha, nambu, preá,

O mocó, tejo e peba

Pra gente saborear.

De fome eu nunca morro,

Basta só pegar o cachorro

E a arma pra caçar.

Também sou religioso,

Tenho fé, faço oração

E no dia do vaqueiro,

Estou lá na procissão,

Pedindo a Nosso Senhor:

Olhe pra nós por favor,

Manda chuva pro Sertão!

E foi tanta Reza, tanta Oração

Que meu Deus se alembrou,

Pra alegria de nosso coração

E mandou chuva de montão,

Pras terras que ele criou.