SERTÃO WILD

Vejo galhos, galhos e mais galhos secos passando por mim na estrada

Na janela, poeira a trinta por hora

Caminho coberto por turvo tom de sépia da poeira desse meu sertão

Léguas e mais léguas de um mundo que parece até então estar escondido

Uma venda, pinga, fumo e corda

Querosene, pica fumo e lâmpião

Sertão selvagem ou wild sertão?

Não importa!

Os galhos enfeitam os caminhos e permeiam a loucura em minha cabeça

Penso o tempo todo no diabo na rua

E deus com o berro na cintura

Sertão brabo da porra!

Cada vinda por mais que te conheça sertão, muda tudo o que sinto e que penso

A poeira na botina é a mesma

As lembranças também

Mas o que me espera pode ser pior

Pois travessia igual a essa

Riobaldo quem diga:

“A gente principia as coisa no não saber por que e desde aí, perde o poder da continuação”...

Acho que a maior busca desse caminho é a interior, de dentro da gente

A batalha cega de não saber onde nem por que, mas saber que tem que brigar

Santiago de Compostela ou sertão de Guimarães

O que vale é o caminho e a saída é a nossa busca

A chegada não importa muito

E como disse Riobaldo, o que importa é a travessia.

Bruno Andradi
Enviado por Bruno Andradi em 19/02/2019
Código do texto: T6578717
Classificação de conteúdo: seguro