Outro Dia Trago Flores

OUTRO DIA TRAGO FLORES

Outro dia trago flores

num "ramito" enserenado;

Hoje cruzei apurado,

mal deu pra cuidar teu rosto.

Desde a invernada pra o posto

vinha - de léguas - judiado...

Tironeando este bragado

pra ser costeado ao teu gosto.

Outro dia trago flores

- destas que vestem o campo -

Apeio, e te conto um tanto

dos anseios que carrego.

E a saudade - que não nego -

já nem mais se faz pretexto...

Deixando preso ao cabresto

um beijo que nunca entrego!

Outro dia trago flores

e - quem sabe - até por mimo,

aquela que mais estimo

apresilhe na testeira.

Pra ir de graça faceira,

conforme o tranco se embala...

Roçando a franja do pala

ao adentrar tua porteira.

Outro dia trago flores

pra teus vasos na janela...

E dou silêncio às barbelas

e às rendilhas dos bocais.

Dou campo aberto aos baguais,

encontrando em tua morada

um parador desta estrada

que teima em me afastar mais.

Outro dia trago flores

pra enfeitar cada trança...

Onde vejo a esperança

bem postada em teus cabelos.

Assim, cuidarás com zelo

de alguma rosa em botão

e de um potro coração

que domou-se no atropelo.

Outro dia trago flores

e desfolho o bem-me-quer;

Antes que o tempo souber

da minha ausência à forquilha.

Por ora, junto da encilha,

abraçarei corredores...

E, outro dia trago flores,

ao findar esta tropilha.

Outro dia trago flores

pra uma flor que tanto espera

- bem antes da primavera -

entregar o seu encanto.

...Que um "domero" com quebrantos

nem repara tal querer,

na sina de perceber

só depois que estendeu tantos!

Outro dia trago flores

- feito esta do jaleco -

que não voa, qual o fleco

do bragado redomão...

Mas ao ver-te na amplidão,

chega vibrar de vaidade

e parece ter vontade

de ficar no teu rincão.

Outro dia trago flores,

confirmando o compromisso.

Pra lua peço "permisso"

e esbarro em teu costado.

De peito e potro domados,

curo basteiras e dores.

- Outro dia trago flores...

...num "ramito" enserenado!