Ao Apontar O Dedo

AO APONTAR O DEDO

Comparsa destes silêncios,

fala por si - em manifesto -

Condena e é condenado

acenando o mesmo gesto.

Sua imagem, quem já viu

- em meio a remorso e medo -

sbe que não há retorno

depois que se aponta o dedo.

Já foi ordem de combate

- mesmo contra o coração -

e sentença na chibata

pra o açoite de um irmão.

Tem junto ao ego, a morada

e só crê na sua verdade...

Mas quem muito aponta o dedo,

sofrena a própria humildade.

Diante aos olhos é tal corte

de uma faca de bom fio...

Demonstrando, neste gesto,

alguém de peito vazio.

Quem profere, pouco sabe

que ao repetir este feito,

o dedo que culpa um outro,

aponta os próprios defeitos!

Tem por sina ser malgrado

para a opinião que se opor.

...Acusa sem dar ouvidos,

machuca e não nota a dor!

Desde sempre é gesto errante,

pois, na injustiça da cruz,

o mesmo dedo apontado

fez prisioneiro, Jesus.

Quando perde sua razão,

é vencido e, já tombado,

percebe que não tem força

diante à um caráter formado.

Só então será perdão

- disfarçado em seus segredos -

e aprende a estender a mão

antes de apontar o dedo!