nem amarrado

Nem amarrado

Eu um caboco da roça

um cumedô de Pirão

nunca pensei que um dia

o destino mandaria

eu entrá num avião

foi dez dia de angustia

onze noite sem durrmir

e o juízo a preguntá

se eu iria aguentá

na hora dele subir

Qui hora difice seu moço

eu comecei a suá

as minhas pernas tremeu

a vista escureceu

danei-me a vomitá

Isso foi no aeroporto

antes de entrá no danado

acho que dismaei

e quando me acordei

já tava dentro sentado

Mas como todo caboco

qué dá uma de machão

procurei me acalmá

e resolvi viajá

no peste do avião

Na hora de decolar

me apressa o coração

o sangue foge da veia

eu fui vendo a coisa feia

chega melou o calção

no lugar do assento

embaixo tava uma poça

ai o vizinho gritou

e logo ali chegou

uma tal de era moça

Nesse momento eu fiquei

com uma vergonha danada

um tanto quanto acanhado

triste quieto calado

mudo sem fala nada

Com todo tipo de santo

nessa hora me agarrei

fiz prece fiz oração

até para o avião

nesse momento rezei

lá vai o bicho no ar

e eu alí quase morto

daí pra frente eu não sei

acho que desmaiei

porque só acordei

lá no outro aeroporto

Agora estou aqui

sobrevivi o atentado

e digo com precisão

pra voltar de avião

não volto nem amarrado

POETA PICAPAU
Enviado por POETA PICAPAU em 05/08/2021
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