A Vida nos Mangues

A maré mela meus beiços todas as madrugadas

Como se fosse um melaço de cana.

Levanto-me, desagarro- me do sono

E lambuzo a pauta do dia.

Desapego-me do desejo da cama e solto

Os lençóis de retalhos.

Proseio com a lua que se despede da noite.

Saio no alvorecer do dia.

Enquanto ela se despede da madrugada

Acordo as vidas nos mangues.

Essa é a segunda despedido do dia: A cama e a lua.

Na volta aprovo a companhia do sol.

Fico iluminado, num bronze só.

Volto seguindo a trilha da vinda com o saco cheio

De esperança a sonhar com o novo amanhecer.