Ao perceber, bem de longe
Um alarde, um fuzuê

Um convercê maldizido
Foi logo se aproximando
Pra aconchegar seu ouvido
E da fofoca se informar

“Viram só a Maria
Toda pintada e arredia
Lá nos braços de Aquino
Bem pertinho do curral”

“Se João não se cuidar
Vai logo tratar de ser
Além de corno e pinguço
Pai do que aparecer”

“Pois Maria, de outro par
Vai logo é engravidar”

Aquilo foi o bastante
Pra João se enfurecer
Pegou um copo na mão
Foi pra perto do alambique

Tomou dose caprichada
E de posse de um facão
Investiu contra a safada
Vapt, vupt, e ai

Salta pra lá e pra cá
Aquino tomou as dores
Capoeirista que era
Puxou João pelo braço

Jogou o pobre no chão
Deu um beijo na Maria

Rodopiou um babado
Triscando que nem cotia
Até tomar o facão
Deu meia dúzia de riscos

E tava feita a buchada
Dilacerou duas tripas
Cinco urubus avoando
No corpo do tal João

Tava só o Delegado
Dois polícia apaisanado
O Prefeito e um Edil
Eu acho que ninguém viu

Êta festa de arromba
Comentava um tal tiziu

Depois do enterro do corno
Maria e o tal Aquino
Já bolinavam juntos
No barraco do ex-João

Mas Maria, velha tia
Logo enjoou de Aquino
Porque um garoto-menino
Que perto dali morava

Um dia, num banho de Rio
Vendo o matuto nadar
Arregalou os seus olhos
Na vara de se apoiar

Ficou roxinha a vadia
Até quase se afogar

Rendendo até boba-a-boca
E um corpo a corpo enrolado
Que nem o tiziu acoitado
Se encarregou de espalhar


No mesmo mundo que o corno
Perdeu sua identidade
Coisa, que lá, mais tarde
Com certeza e com desdém

Aquino da capoeira
De enorme perversidade
Na velha estrada da vida
A perderia também
O Guardião
Enviado por O Guardião em 15/05/2008
Reeditado em 15/05/2008
Código do texto: T990482