A prostituta sob o olhar do poeta - Republicação
Pequena introdução textual:
Este poema foi escrito dias antes de completar meus 21 anos, pontanto há 24 anos atrás. Muita água passou por debaixo da ponte, muitas ondas quebraram na areia e eu subi muita serra.
Como homem maduro reli e gostei. Em nada mexi. Pelo contrário, o poema mexeu comigo. Com minhas lembranças, com a recordação de minhas andanças e da percepção que eu tinha do mundo. Aos 21 não se é nenhum inocente, mas vejo um quê de candura no rapaz que eu era então.
Durante um bom tempo os personagens da noite foram minhas fontes de inspiração, por eu mesmo ter sido um deles. Como um vampiro literário explorei o universo das prostituras, pedintes, meninos de rua, bêbados, etc. Fez-me bem. Hoje já não sou tão sedento, embora vez ou outra eu vampirize as emoções alheias para compor meus versos.
Boa leitura!
Gestos ensaiados
de quem ganha a vida
ganhando olhares.
Sorriso bonito
de quem sorri por sorrir
e nada deve a ninguém.
Figura da noite
com tom cinza e unhas vermelhas
de quem agarra a vida
por charme, necessidade e duvidoso amor.
Falta-me o tom de sua voz
para me apaixonar de vez.
02/04/1986 (Rio de Janeiro)
Mauro Gouvea