E por falar em pecado...
Libero-me do rigor,
Assumo sem pudor
O quanto que te quero.
Deixo de lado a hipocrisia,
Sem falsa demagogia,
Rasgo o verbo e berro:
Eu te desejo aqui e agora!
Vão as favas os critérios,
Pro inferno com as rédeas,
Que me podam a luxúria.
Se a vida é fugaz,
Não me desgasto sendo pudica.
Sou do mundo e quero mais,
Quero me dar a esta volúpia.
Jogue pedras em torrentes,
Quem na vida é toda pura,
Quem renega esta fome,
Esta fome voraz de loucura.
Pouco me importa o julgamento,
Se pra mim está tudo certo,
O encaixe está simétrico
Do meu gozo com seu corpo.
Não importa se é veneno
Esse ópio, essa delícia.
Dos seus dedos e seu ventre baixo,
Me rasgando a parte intima.
Te abraço, eu te amasso,
E se isso é pecado,
Dou adeus ao paraíso.
Que me vale dias eternos,
Eu prefiro dias intensos,
Ardendo e flamejando
Na sua companhia.
Já não tenho salvação,
Teu tesão é perdição,
Estou na cama do pecado,
No frenesi dos teus lábios,
Com a túnica dos teus braços.
E ser arder é a punição,
Por ser ímpia e lascívia.
Pra eu quero ter perdão?
Eu gosto mesmo é da orgia.