26 de maio

duas negras retintas

cabelo pixaim arrumado

lábios grossos, nariz achatado

sorriso encabulado

como os de suas avós

os dois pés lá na Áfrika

desciam a ladeira garbosas

pernas voluptuosas

elas que eram, se via,

de elevada estatura

se observava a cintura

que o vestido justo marcava

no trecho daquela ladeira

marcado por algumas pedras

as nádegas iam balançando

as ancas nos provocando

duas éguas descendo

no sonho vou me envolvendo

as duas tenho ao meu lado

e aqueles braços de veludo

me envolvem pelo pescoço

me falam o que não ouço

uma na frente, outra atrás

os bicos dos peitos me espetam

as costas, e aparo em meu peito

os peitos pontudos da outra

de pelos encaracolados

que me acolhem já todo inchado

enquanto uns pentelhos espessos

me roçam a bunda com encanto

e eu que não resisto a tanto

libero o momento supremo

o orgasmo com as duas rainhas

depois já de novo arrumadas

elas sobem as escadas

que lhes conduzem ao Senado

e assumem as suas cadeiras

e vão dizer as besteiras

no entender dos asseclas

dos que governam o povo:

clamam por nossos direitos

direitos de cidadania

abaixo a carestia

e a enxurrada de impostos

corrupção, falcatruas

controlem as nossas fronteiras

sento na minha cadeira

diante da televisão

e bato palmas pra elas

as palmas do meu coração

Maricá, 230508

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 08/07/2017
Código do texto: T6048735
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