Baio Gateado

Sinal sete sete quatro.

Marca jota-cê barrado.

Meu pingo baio gateado

Tapejara da fronteira.

Cabeça esperta, faceira,

Pede boca e não dá trégua.

Seu dia tem doze léguas

De pura marcha estradeira.

Não montei melhor cavalo

Andador de contra-passo.

Bom de boca e campeiraço,

Cincha solito um novilho.

Apartei-o ainda potrilho

Pra ser cavalo de lei.

E, cavalo que eu domei

Se apresenta pro lombilho,

É quebra o baio gateado...

E qual gateado não é?

Mas não me deixa de-a-pé

Nem refuga campeireada.

Já quebrou muita geada,

Já empurrou muita porteira,

Já varou noites inteiras

Em surungos de ramada.

Guasqueei, pra ele, umas garras

Num mês de julho chuvoso.

Gaudério, mas caprichoso,

Me orgulho do meu gateado.

Sou pachola e entonado

Porque sei que o chinaredo

Comenta, apontando o dedo:

-Lá vai o Moro Machado.

iberemachado@yahoo.com.br

Iberê Machado
Enviado por Iberê Machado em 31/01/2006
Reeditado em 31/01/2006
Código do texto: T106481