Saudade da China

Ando torto que só vendo...

Inda ontonte o mês de agosto

Me trouxe mais um desgosto

Pra ser pedra em meu caminho.

Fiquei, de novo, sozinho.

A minha china querida

Que foi tudo em minha vida,

Não quis mais o meu carinho.

Ficamos, eu e o guaipeca,

No rancho, quase tapera...

Eu não sei o que me espera,

Nem ele, pra donde vai.

Como visagem, no mais,

A china, quando partiu,

Deixou um rastro de frio

Que não se apagou jamais.

Não levou nada do rancho.

Simplesmente, ela partiu.

Bombeio o catre vazio

E me bate uma saudade

Que me dói, barbaridade...

Me reponta pro bolicho,

E empata que outro cambicho

Me traga felicidade.

Sentado aqui no baldrame,

Mateio à tarde, e me alembro

Que, talvez, este setembro

Seja melhor que o agosto

E me livre deste encosto.

Tomara Deus que este choro

Não me salgue muito o couro

E seque, logo, em meu rosto.

Por quantos caminhos tortos

Tem que cruzar o vivente

Pra descobrir, de repente,

O quanto amava a teatina.

Mas, se o que é bom se termina,

O mal, também, qualquer dia,

Se vai, tosado, a-la-cria

Co’a saudade dessa china.

Iberê Machado
Enviado por Iberê Machado em 06/02/2006
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