Bem-Ti-Vi
Como é bom ouvir o canto
Do bem-ti-vi alarmento,
Abrindo o fole do vento
Na manhã ensolarada.
Batendo as assas, faceiro,
Cantando pro mundo inteiro
Numa alegre gargalhada.
Como bardo, eu bem te vejo,
Meu amigo bem-ti-vi.
Quanto cantas por aí,
Nesta alegria incontida,
Tu cantas feliz da vida
E ensinas que, quando canta,
O peão, males espanta,
Da carreata sofrida.
É, então, que o velho peito
Rebenqueado ded um gaúcho
Sente mais forte o repucho
Do clamor de liberdade...
A gente sente vontade
De escramuçar campo-a-fora,
Lembrando-se, nessa hora,
Dos tempos da mocidade.
Eu sou assim como tu,
Papo amarelo gaudério:
Não me estremece o mistério,
Pro medo não ter ouvido;
Dos vivos sou previnido
Por questão de segurança.
E não procuro lambamça
Sem precisão ou sentido.
És o exemplo da caragem,
Meu passarinho clarim.
És bochincheiro até o fim,
Desses que a raça não nega.
Botas fogo na macega
Se um maula te invade o rancho.
Um taura, peleando ancho,
Morre seco e não se entrega.