Trem de Mate

Chinoca me deu uma bomba

E uma cuia de presente,

Um borrachão pra água quente,

Desses comprados no povo.

Hoje estou de mate novo,

Parceiro das madrugadas.

Nele, eu vejo em disparada

Uma tropilha que se expande

Pelos pagos do Rio Grande

Na seiva verde espumada

Esta paixão que transborda

Por não caber no meu peito

Me deixa meio sem jeito,

Fico pra lá de achicado.

Eu me paro embodocado

Porque a saudade me rói.

O peito queima e me dói...

E que o mate me sustente.

Amando a chinoca ausente

É que o peão se destrói.

Eu fico torcendo bomba,

Pensando longe no mate.

Ouço um jaguara que late

Pra acordar a madrugada.

A natureza agitada

Vai parindo um novo dia.

Mate quente... A hora fria...

Cada sorvo é como fosse

Aquele beijinho doce

Da boca desta guria

Iberê Machado
Enviado por Iberê Machado em 07/02/2006
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