Tailleur Azul Anil

Era um domingo de tarde

Naquele fim de setembro.

Que saudade quando eu lembro...

Voltava da capital

No rumo do litoral.

A minha égua tostada

Marchava, rédea folgada

Quando eu vi, como visagem,

Do meu amor a imagem

Toda de azul na calçada.

Me pareceu que esperasse

No ponto da condução.

Ali, por pouco, o meu coração

Não me salta pela boca.

Foi mesmo uma coisa louca,

Provavelmente um delírio.

Mas, certamente, um colírio

Que, aos olhos, quanto apareça,

Não me sai mais da cabeça

Como se fosse um martírio.

No mesmo instante seguinte

A imagem dela sumiu.

Aquele azul se esvaiu

E eu fui tocando a troteada.

Agradeço a Deus esta olada,

Que sou um xirú de coragem:

Iberê Machado
Enviado por Iberê Machado em 07/02/2006
Código do texto: T109006