PAYADA DA FLOR

Dia dezoito de julho,
marcado no calendário,
é data do aniversário
dos amantes do improviso,
nesse ritual preciso
que traduz os seus louvores,
baita abraço aos trovadores
que sangram versos na hora:
daqui, cravo minhas esporas
nessa payada de flores


Nasci num catre campeiro
pelas mãos duma parteira,
fui abrindo as porteiras
sampando a cara no mundo,
e, num gritedo profundo,
timbre na voz de cantor,
num Janeiro de calor
dezoito horas da tarde
garanto que é verdade
já nasci cantando flor


Tenho sangue português
mesclado do espanhol,
sou amigo desse sol
e amante da lua cheia,
a natureza clareia
meu brasão de luz e cor,
vou em busca do sabor
pelo gosto da liberdade,
não carrego vaidade
nem egoísmo de flor


Vou mapeando minha vida
palmo a palmo na conquista,
nos horizontes á vista
vou descobrindo segredos,
das falhas, não tenho medo,
se errar, sofro minha dor,
recomeço com louvor
na humildade do meu ser,
alimento este saber
emoldurado em flor


Trago o Rio Grande na alma,
e versos no coração,
vou sangrando este chão
com bandeiras do meu jeito
abrindo as varas do peito
na arte de payador,
improviso, sim senhor,
numa décima perfeita
letras simples e direita
com cantos da minha flor


Há lugares, por ai,
que te chamam de cordel
aqui, no meu quartel,
o meu Rio Grande de luxo,
payada para gaúcho
do espanhol é condutor,
no verso improvisador
que salta fora da mente
me sangro como vertente
com sulcos da minha flor


Abro o peito campo afora
com meu grito que se assanha,
golpeio um trago de canha
pra esquentar o pensamento,
meu verso solto ao vento,
tal pingo corcoveador,
que sem amadrinhador
vai soltando suas garras
num floreio de suas farras
cantando minhas coplas em flor


A payada é meu oratório,
minha sonora liturgia,
bendito altar da poesia
escola que vem do berço,
tempero o verso num terço
neste manto acolhedor,
vibra em mim como um tambor
do meu secreto ritual,
sangro verso à punhal
embebido numa flor


No palanque das idéias,
solto letras por encanto
neste abençoado manto
como quem cuida dum jardim,
não venham pisar em mim
com delongas de doutores
ou manhas de professores
ao querer dar-me um balaço,
salto fora e dou puaço
como o espinho das minhas flores


Já salto fora daqui,
pressenti um novo alento
cada coisa em seu momento
vou pra outra direção
pra calçar o meu garrão,
com minha prenda de valor
só eu sei de todo amor
que ela tem por meu encanto,
me espera no quarto santo
com sua rosa botão em flor


Vou deixando meu recado
embriagado em perfume,
estes versos vieram à lume
nesta noite sem estrelas,
lutei para não perdê-las
com desejos de clamor,
que todos sintam o fulgor
no altar da poesia
com mensagens de valia
numa payada de flor.



Buenas amigos, diante da data do último dia dezoito do mês corrente, gostaria de cumprimentar os grandes poetas improvisadores, de todos os nortes, que trazem dentro da alma este gosto apurado pelo improviso, que faz a gente pensar. Nesta oportunidade, levo daqui minha mensagem pela data do amigo, que transcorreu no último dia vinte. Quero aqui deixar para todos os senhores minha gratidão limpa, clara e pura da minha amizade por todos. E que continuemos a carregar esta bandeira viva e sagrada pela arte da escrita,  para que possamos sempre influenciar a todos pela mensagem da prática do bem. Já me largo daqui, pois estou embriagado pelo perfume das flores de amizades que tenho por vocês todos. Meu BAITA abraço flor de especial e voltaremos.....