Com A Alma No Campo

Levanto cedo, aqueço água, fecho um mate

Sorvo o amargo que me adoça este momento

Sinto na brisa o leve toque da saudade

Ante a janela do pequeno apartamento.

Encilho um pingo no potreiro da memória

Tropeio sonhos, na culatra da existência

Trago na “mala” a xucra sina, minha história

Que tem raízes nalgum canto da querência.

E nos meus olhos se revela a realidade

Mesclando orvalhos com lumes de pirilampos

Meu corpo sofre, embretado na cidade

Minh’alma livre, corcoveia pelos campos.

Berro de touro ecoando nas coxilhas

Banho de sanga, um mate ao entardecer

Um madrinheiro ponteando uma tropillha

Lindas imagens que não quero esquecer.

No soflagrante, volto ao corpo -deixo a alma-

Sigo a rotina da minha vida relambória

Sorvendo mates nestas madrugadas calmas

Campeando rastros no potreiro da memória.