Ah! Querido papel em branco

Ah papel em branco,

Como podes ser tão meu amigo?

Como podes me entender tão bem?

Como sabes sempre o que de dentro me vem?

Letras absolutamente soltas

Absortas em si mesmas

Transbordam do cálice

Meus sentimentos

Unem-se como algemas

Ligadas, grudadas

o papel e a palavra

Vão se delineando,

A cada toque do teclado

Dando forma, em emoções disformes

Dando vida, a quem não tinha nada,

Apenas espaço.

dando cor

Branco, preto...todas as cores em uma,

ou nenhuma,

ausência delas.

Posso sentir o sabor,

doce amargo de tuas letras

às vezes, gosto de anis estrelado

chocolate ou abricó

outras, de cidra, mas detesto jiló

Sinto o cheiro de sândalo

Madeira crua

De dama da noite, que me encanta

Letras dispostas em versos,

Desnudam o avesso

E no papel em branco transformado

Posso ver o quadro pintado

Perfeito, terminado.

(01/03/01)

Rosy Beltrão
Enviado por Rosy Beltrão em 29/12/2004
Código do texto: T1012