Vislumbre
Estou no meio do pulo
em que os braços não abraçam mais,
os beijos não arrepiam mais
e a dor dói mais que sempre.
Vivo a angústia de não viver;
fluo por entre os entes
que existem por si
e eu por nada.
Me vejo com um pé cá
e outro lá.
Vejo-me em lugar algum.
Eu sei,
mas a coragem de ter o coração tocado
por aquilo que me pertence
não vem.
Não me desprendo do velho gasto
p’ra ir ao encontro do novo.
Novos braços hão de abraçar,
e outros tantos beijos me esperam para arrepiar.
Por que não?
Por que não dá?
Por que não vai?
Por que não deixa de ser?