Vislumbre

Estou no meio do pulo

em que os braços não abraçam mais,

os beijos não arrepiam mais

e a dor dói mais que sempre.

Vivo a angústia de não viver;

fluo por entre os entes

que existem por si

e eu por nada.

Me vejo com um pé cá

e outro lá.

Vejo-me em lugar algum.

Eu sei,

mas a coragem de ter o coração tocado

por aquilo que me pertence

não vem.

Não me desprendo do velho gasto

p’ra ir ao encontro do novo.

Novos braços hão de abraçar,

e outros tantos beijos me esperam para arrepiar.

Por que não?

Por que não dá?

Por que não vai?

Por que não deixa de ser?

melão
Enviado por melão em 01/06/2008
Código do texto: T1014287