Sextina da vida

Todo ser animado desta terra

ou pertence ou já pertenceu ao mar

e, se um dia passou por este mundo

e já teve exaurida sua vida,

ocupou seu lugar, já tomou corpo

a energia contida em sua alma.

E, se existe verdade que me acalma

em meu breve passar por esta terra,

é que um dia o que agora é o meu corpo

apoiou-se, também, no mesmo mar

de esperanças que ampara a minha vida

e me ajuda nas lutas deste mundo.

Mas não posso entender o mesmo mundo

em que vivo, se não entendo a alma

habitando e energizando a vida,

ocupando o seu espaço na Terra,

apesar de manter os pés no mar,

este mar que possibilitou o corpo.

E a certeza que tenho ganha corpo

e se mostra em seu todo para o mundo

em que vivo, e que chega a me tomar

de emoção, e me invade enorme calma,

e me tomo de amores pela Terra,

esta Terra que é toda a minha vida.

Ora, todo o sentido desta vida

está preso e contido em um só corpo

e espalhado nos cantos desta terra,

habitando e ocupando o mesmo mundo

em que habita e ocupa a sua alma:

um espaço qualquer no imenso mar.

Alma, corpo, água, terra, fogo e mar,

a essência de toda e qualquer vida:

uma vez tendo corpo, existe a alma;

uma vez tendo a alma, surge o corpo

e a vida aparece sobre o mundo

e não fica restrita só na Terra.

Ou me encontro na terra, ou estou no mar.

Quando vivo no mundo, eu sinto a vida.

O timão do meu corpo é a minha alma.