TEMPO

Nesta noite em que o tempo comemora

A morte de um ano insuportável,

De desordens e muita incerteza,

As mãos se buscam ainda em efusão

Para um desejo de paz alvissareira.

Passam pessoas vestidas de loucura,

Paira no ar o hálito dos ébrios,

A cidade parece estar histérica...

Esta é a noite em que todos se esquecem

Das contas, das partidas, das tristezas.

E aos pobres homens dormindo nas calçadas,

Dizem palavras de alento aos infelizes,

Como se o tempo marcado pelos homens,

Mudasse realmente cada história

E apagasse todas nossas cicatrizes.

Ó tempo que és o último e o primeiro.

Tu que passas com cinzas e enfeites

E avanças com ruídos, tempestades.

Que não morre e não carrega nossas cruzes.

Põe nos meus olhos outra forma de acolher-te!

Ceres Marylise
Enviado por Ceres Marylise em 07/02/2006
Reeditado em 14/10/2006
Código do texto: T108833