TEMPO
Nesta noite em que o tempo comemora
A morte de um ano insuportável,
De desordens e muita incerteza,
As mãos se buscam ainda em efusão
Para um desejo de paz alvissareira.
Passam pessoas vestidas de loucura,
Paira no ar o hálito dos ébrios,
A cidade parece estar histérica...
Esta é a noite em que todos se esquecem
Das contas, das partidas, das tristezas.
E aos pobres homens dormindo nas calçadas,
Dizem palavras de alento aos infelizes,
Como se o tempo marcado pelos homens,
Mudasse realmente cada história
E apagasse todas nossas cicatrizes.
Ó tempo que és o último e o primeiro.
Tu que passas com cinzas e enfeites
E avanças com ruídos, tempestades.
Que não morre e não carrega nossas cruzes.
Põe nos meus olhos outra forma de acolher-te!