POESIA, MINHA DOENÇA LÍRICA

Dou-me a escrever,

Sentado à mesa,

De caneta em punho

Feito um pintor sem talento,

Sujando telas com o desgosto.

Busco na ânsia minha

Descobrir a razão poética

De minhas veias entupidas

Com versos gordurosos e rimas.

Poesia, uma doença triste,

Que corrompe, e desanda, e chora...

Poesia, a dor minha, quando entrevado,

Num hospício de lirismo velado.

Dou-me a escrever os versos imperfeitos

De uma alma cálida de sonhos,

Mas que, devastada de tristezas,

Chora ao fim de um longo dia.

Poesia, a minha morte anunciada;

Meu explícito desgosto lírico.