RITO
RITO
Rito eu não faço,
Mas no ritmo eu me desfaço.
Aliás, meu rito
É só a realidade do ritmo.
Pois o que busco mais
A não ser ritmos?
Ritmos demais onde quer
Que eu esteja.
O ritmo me beija
Ou apenas o seu sonho me beija?
Rito eu estabeleço,
Mas é no ritmo
Que eu ofereço
O risco da minha escrita,
O pátio da minha desdita.
A fraqueza e aqueles sentimentos de sempre.
Minha lembrança abraçada aos mármores frios.
O que devo fazer senão cultuar o rito do ritmo.
O crivo em minha pele,
O crivo daquelas ofensivas de sempre.
Como assim em discórdia procurarei ritmos?
Interrogações,
Interrogações harmonizadas,
Letras que se fartam de rimas.
Letras que se misturam,
A história da minha vida.
O pleito em meus arquivos,
No pátio dementes esquivos.
Minha lembrança cultuando sabe-se o quê.
Resta meu ritmo, meu fundamento,
Rima no próximo estamento.
Ritmo, personalidade
De vegetação revolta.
Ritmo que pelo meu preço
Eu estabeleço.
Discórdia que nos encobre,
Harmonia, lembrança que nos consome...
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é inverno de 2008.