Vamos lembrar Mario Quintana neste
                                      dia do seu nascimento


ELEGIA

Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer
                                                  com elas...
Uma  velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par: símbolo
da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas.
Essas gravatas de um mau gosto tocante
que nos dão as velhas tias.
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre.
A palavra "quincúncio".
Esses pensamentos que nos chegam de súbito
                               nas ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anonimo que resolve ir seguindo a gente
                        pela madrugada na cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
sem fim...


                              ("in" Apontamentos de História Sobrenatural)