AGONIA DE VIDA.

É mais um dia,

Nessa agonia de vida.

Faz um sinal da cruz.

Apesar de indigente

Essa gente crê na celestial “vinda”.

Aproxima-se do monte,

Afasta a ave impertinente

E logo se trava um duelo

Entre a ave-bicho a e mulher-gente.

Num outro monte,

Revirando tudo “sistematicamente”

Um menino desnudo

Tentando a sorte também.

Encontrada uma banana,

Logo ali consumida,

Num ímpeto larga o “serviço”

Aturdida...

Põe-se a correr a criança,

Senta-se noutro monturo.

Faço zoom, “me aproximo”.

A revista Tio Patinhas lhe faísca os olhos

De criança.

Uma ave de rapina bica-lhe as costas.

Importunado, sai dali.

Procura outro monturo mais seguro.

Ajeita com cuidado onde sentar

Seu corpinho nu

E volta os olhos pro troféu

De papel e magia.

Paro um instante,

Contendo a “represa-olhos”

Em mim...

E o pior disso tudo visto

Pela minha lente de imprensa

É que essa estória no lixão

Termina em reticência

E não em ponto final

Porque haverá outro dia

Nessa vida de agonia

Nesse “drama de jornal”.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 14/02/2006
Código do texto: T111900