O barco

Um escritor abandona seu barco

Um escritor, pobre escritor, que ninguém conhece

Ele não foi lido, não foi absorvido, nem admirado

Isso pra ele é indiferente

Pois ele, agora, abandona seu barco

Um barco pequenino, mas tão aconchegante

Barco negro e frio

Que causa dor na despedida

Pausadamente, o escritor olha pra trás,

Como se se despedisse da vida, mas sem medo de perde-la

Ah! Pobre escritor, que não gozou, mas sim, gastou sonhos

Mas só os sonhos...

Só o que foi sonhado ficou

Tudo deixa resíduo

E o poetinha sutil

Adentra-se no vão do quarto

No abismo indesejado

Agora há lagrimas em seus olhos

Que ao cair refletem suas letras

Seu barquinho de papel.

Salvador, fevereiro de 2006

Gustavo Chaves
Enviado por Gustavo Chaves em 17/02/2006
Código do texto: T113217