O barco
Um escritor abandona seu barco
Um escritor, pobre escritor, que ninguém conhece
Ele não foi lido, não foi absorvido, nem admirado
Isso pra ele é indiferente
Pois ele, agora, abandona seu barco
Um barco pequenino, mas tão aconchegante
Barco negro e frio
Que causa dor na despedida
Pausadamente, o escritor olha pra trás,
Como se se despedisse da vida, mas sem medo de perde-la
Ah! Pobre escritor, que não gozou, mas sim, gastou sonhos
Mas só os sonhos...
Só o que foi sonhado ficou
Tudo deixa resíduo
E o poetinha sutil
Adentra-se no vão do quarto
No abismo indesejado
Agora há lagrimas em seus olhos
Que ao cair refletem suas letras
Seu barquinho de papel.
Salvador, fevereiro de 2006