Cena III

Abro o chuveiro

Os olhos fecho.

A água, serpente fria,

Escorre-me

Pelo corpo quente

Que denuncia

Meus desejos.

A porta entreaberta

É o meu convite...

E você não resiste

Entra...se despe....

E me veste

De espumas e afagos

De costas levanto os braços

As mãos apóio na parede.

Faço da coluna um arco

À espera de suas mãos

Barcos que navegam nervosos

Em minhas costas

Atlanticamente

Pacíficas

E me vestem de espuma.

Beijos e ais

Escorrem pela minha coluna

E morrem nas minhas dunas

E num giro

Me viro de frente

Abraço seus ombros,

Envolvo , com a perna, seu corpo quente

E me ofereço como porto.

E você, paradoxalmente, se ancora

Para em mim navegar

No vaivém das ondas

Das ondas do amar.

Emília Casas
Enviado por Emília Casas em 14/04/2005
Código do texto: T11350