TREVAS

TREVAS

Isto foi o que você ganhou,

As trevas...

Depois de tanta ambição,

Tanto ódio, tanta violência,

Isto apenas,

Trevas... imensas trevas,

Sem gosto, sem vida...

De que adiantou a vontade de ser maior,

As vaidades de um peito inútil,

Hoje o que resta?

Trevas... perdidas pelas mortes,

Pelos fins de uma carne fraca.

Diga adeus! E parte,

Sem qualquer arte,

Frio e acabado como um escravo.

Isto porque sua alma vã,

Porque jamais seu peito

Procurou saber o que é a vida.

Suas mãos preocupadas apenas em ajuntar,

Apenas em humilhar

Os seus subordinados.

E hoje o que restou de tudo?

Do dinheiro, do banco,

Do carro novo,

Da antipatia do seu viver?

Restam trevas.

Resta esta amargura

De se sentir velho,

De ter uma sepultura,

Como um mendigo,

Que muitas vezes chorou aos seus pés.

Como seu inimigo,

Que, na maioria das vezes,

Morreu por suas palavras.

Morra, ao menos, dignamente,

Não chore para emocionar o seu fim,

Pois, o seu começo foi um erro.

Diga adeus! Enfim veja a verdade,

Veja agora o quanto vale ser homem.

Onde está sua alienada felicidade?

Está nos restaurantes de luxo?

Nos prostíbulos?

No suor dos seus empregados,

Que você sempre explorou?

Não... a sua felicidade jamais existiu,

Existiu, sim! No gosto de ser injusto,

No prazer de ver sofrer.

Mas agora terá o seu preço,

Nas trevas...

O desespero terrível da solidão,

A cruz amarga da escuridão!

Fernando Medeiros

Campinas, é inverno de 2008.