Delirantes Sonhos

A armadura de aço, rígido e brilhante, se desfaz lentamente,

Peça por peça vão sendo postas ao lado do elmo,

Num sutil e arrebatador strip tease.

Surge a amazona amada.

Porte esguio, pescoço gracioso,

Seios pequenos, duros, bem delineados.

Pernas longas e bem torneadas.

Cabelos de um bronze quase dourado caem sobre ombros de pele acetinada.

Como em cena de filme mudo – Não há palavras.

Nem o poeta ousaria usá-las por temer o descolorido da cena.

Mesmo na mudez de palavras pode sentir o seu hálito perfumado.

Olhar fitando olhar. Emoção profunda.

Não poder ir além de sentir simplesmente o amor que flui de um para o outro.

Sentir que as distâncias e as diferença se reduzem e desaparecem,

Para depois juntarem-se, fundirem-se,

Faz com que nenhum dos dois possa existir isoladamente.

A chegada do amanhecer traz junto a realidade.

As imagens desaparecem, deixando o vazio,

Fazendo a duração do amor medrar e teimar em não existir.

Prepara-se o poeta para separar-se de novo.

Já não é importante a existência, mas sim a dimensão do insólito amor.

Há que se abrir as cortinas e deixar penetrar a luz do dia.

Viver as agruras de mais um dia, enquanto a noite não volta com novos e delirantes sonhos.

Laerte Creder Lopes
Enviado por Laerte Creder Lopes em 29/08/2008
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T1152396
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