Delirantes Sonhos
A armadura de aço, rígido e brilhante, se desfaz lentamente,
Peça por peça vão sendo postas ao lado do elmo,
Num sutil e arrebatador strip tease.
Surge a amazona amada.
Porte esguio, pescoço gracioso,
Seios pequenos, duros, bem delineados.
Pernas longas e bem torneadas.
Cabelos de um bronze quase dourado caem sobre ombros de pele acetinada.
Como em cena de filme mudo – Não há palavras.
Nem o poeta ousaria usá-las por temer o descolorido da cena.
Mesmo na mudez de palavras pode sentir o seu hálito perfumado.
Olhar fitando olhar. Emoção profunda.
Não poder ir além de sentir simplesmente o amor que flui de um para o outro.
Sentir que as distâncias e as diferença se reduzem e desaparecem,
Para depois juntarem-se, fundirem-se,
Faz com que nenhum dos dois possa existir isoladamente.
A chegada do amanhecer traz junto a realidade.
As imagens desaparecem, deixando o vazio,
Fazendo a duração do amor medrar e teimar em não existir.
Prepara-se o poeta para separar-se de novo.
Já não é importante a existência, mas sim a dimensão do insólito amor.
Há que se abrir as cortinas e deixar penetrar a luz do dia.
Viver as agruras de mais um dia, enquanto a noite não volta com novos e delirantes sonhos.