Aquela Pureza!

Hoje ao pegar-me pensativo,

Num divagar morno e passivo.

Senti toda aquela nossa pureza,

De uma noite embebida em uva.

Lembrei-me das curvas de rio,

De algum gesto mais pra frio.

Retrogrado e inconstante eu,

Meus caminhos e em tudo que deu.

Um filete salobro razou-me a pálpebra,

Com todo o ardor dos dias que se foram.

Fui ao longe e voltei para agora,

Senti sobre tudo que já pus fora.

Olhei a porta desta minha vida torta,

Achei-me em uma alma quase morta.

Imortal? Imoral? –Não!

Inerentemente casual...

Sou a água que escoa das montanhas,

Sem prever da vida as artimanhas.

Sou o resquício das grandes borrascas,

Que assolam os campos de margaridas.

Sonhei por uns momentos,

O frêmito me fez tormentos.

Sorri o futuro sobre os cacos de um muro,

Rasguei as tolas cartas onde o amor juro.

Pus-me ao entorpecer daquela pureza,

Cambaleando meus desejos sob a lua.

Encontrei o céu dentre aquela pureza,

Voei ao sul dissimulando uma vida nua.

Aos primeiros brilhos do alvorecer,

O gosto travento dos devaneios torna.

Os olhos semi-fechados de camoecer,

Devolvem-me à minha caminhada morna.

L’(Max) – 19.01.2007

L Max
Enviado por L Max em 30/08/2008
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T1152883
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