Da série Mulheres que Passaram - III

Sempre olho o fundo das gavetas e as páginas amareladas de cadernos antigos. Saudosista do que fui e das coisas que me construiram no presente. Daí a não vergonha de expor versos tão pueris, rompantes de paixonites juvenis. Este também sou eu.

**********************************************

Soraya

Soraya,

gentil forma de mulher

de traços delicados,

nariz arrebitado e petulante,

desafiando o mundo.

Se fosse uma flor

eu diria que era uma violeta

de aparência frágil

mas com perfume forte e envolvente.

Cabocla morena,

da cor dos trópicos,

com toque quente

com o calor do Brasil.

Índia arisca,

com o tempero das matas

com o mistério dos bichos

selvagem ente doce

docemente selvagem.

Criança com a idade da razão.

Te quero sempre

dentro do meu coração.

Rio de Janeiro, 18/03/1984