A Bahia é musica

Batuques africanos

ressoam nas ladeiras do Pelourinho.

Toda a Bahia é música,

enorme senzala

de escravos libertos.

Abadas abandonados no pós Carnaval,

fantasias rasgadas

negras empregadas

servem às sinhás

das Casas Grandes

que persistem no tempo.

Na Bahia

sempre é tempo de festa.

Não há canto, recanto, recôncavo

em que não ressoe o som do Axé.

Toda a Bahia é música.

Se Momo morreu

os deuses dos terreiros

permanecem ativos, altivos

sempre vivos no Afoxé.

Gandhi tem muitos filhos

e todos cantam e dançam em seu nome.

Some no tempo

o ferro dos grilhões

mas o grito dos aflitos

(Deus! Como doem os seus gritos)

ainda ecoam ritmados

nas gargantas dos filhos da nação Nagô.

Os excluídos são milhões

que ainda fazem o Carnaval

pois o que vale é que toda a Bahia é música.

Salvador – Bahia, 04/03/06