CASERNA
CASERNA
Onde eu estava todo esse tempo?
Uma bruma escura e espessa
Cobriu os meus dias.
Eu não me sentia,
Eu não me queria,
Mas, conforme a música tocava,
Eu me entregava,
Eu me deixava levar.
Não lutei,
Sufoquei a dor.
Paguei com dó,
Perdi o novo.
Vivi na escuridão da indecisão
E nas garras da mágoa.
Eu me esqueci,
Fingindo ser feliz.
Não fiz o que quis,
Virei pedra,
Rígida e fria,
E aos poucos me esvaeci.
Sumi de mim,
Não era eu,
Mas era fim.
Veio, então, um daqueles temporais,
Com raios, ventos e trovões...
Levou aquela bruma que cobria os meus dias,
Raiou o sol,
Ainda há tempo!
Eu posso mudar,
Fazer homérico!
Revirar o baú,
Encontrar aquele vestido bonito,
Exibir aquele sorriso perdido,
Buscar o novo!
Lutar...
Viver com razão,
Ser feliz,
Tornar-me essência,
E finalmente surgir,
Ser eu,
Ser apenas eu,
Ser para mim...
ELAINE BORGHI
Avaré/Jaú/Campinas, é primavera de 2008.