Um estado alterado talvez?
Um piscar de olhos traz imagens
Meu peito aperta trazendo suspiros
Um flechar na alma desperta medos
Simplesmente nada o tem, somente meu travesseiro, meu retiro.
Às vezes sou mais forte que ela, muito mais forte!
Me destaco entre as mais insistentes estrelas no céu a piscar
Outras vezes ela vem sem bater, sem perguntar se pode ou se deve entrar
Me fazendo este papel rascunhar
Ontem, numa película, observei alguns indígenas
Em uma cena havia uma distância, uma separação
E o Cruzeiro do Sul bem alto no céu
Era entre eles, sua comunicação.
Poderia eu consciente pactuar com seu inconsciente?
E poderia o Cruzeiro do Sul entregar-lhe meus recados?
Os recados mudos que meus olhos dizem...
Chegassem em ti num rasante e pelas nuvens adoçados...
Adocicados pelo suor de ser e estar
Adocicados pela minha vontade de ser Mulher
Adocicados pelo desejo de te ter em mim
Adocicados pelo impetuoso movimento do interim
Soltar-me como quem cai do décimo oitavo andar
Pensar em nada. Nem na queda...
Sentir o corpo leve e fugaz num êxtase de descontrole mental
Despedaçar no chão sem dor, de tão inerte a matéria real
Embriagada numa sensação quase sem definição
Bato em meu próprio rosto para do sonho acordar
Mas o corpo pesa demais, pois está aqui e não lá
Continua então minha mente livre no processo de recriar
A embriaguez toma conta...
No intermédio do tempo escrupuloso
Um orgasmo sentido em escalas...
Escalas infinitas sem dó, sem si, nem lá...
Escalas dos murmuros das cordas vocais
Que nenhuma língua traduz, nenhum ouvido entende...
Acima do alcance de qualquer um daqui ou dali...
Diante disso quase mais nada me surpreende...