Ventre

Angélica T. Almstadter

Por ter na boca, presságios,

A vida modulada em adágios;

A canga pesa menos que os arreios,

E a lágrima rola entre os seios,

Rumo ao ventre desnudo.

Ondas de frios e arrepios,

Selam frenéticas, o mel das palavras.

Fio e teço ações em muitas lavras,

Pernas e coxas rezam mistérios,

Braços e abraços macios,

Dança o ventre desnudo.

Fita a afeição oculta,

A órbita em silêncio, revirada.

Trava a língua solta, uma luta,

No céu da boca, estrelas alcançadas.

Pesa em lágrimas a solidão,

No fio estirante do coração,

Derrama no ventre recluso

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 21/04/2005
Código do texto: T12355
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