Ventre
Angélica T. Almstadter
Por ter na boca, presságios,
A vida modulada em adágios;
A canga pesa menos que os arreios,
E a lágrima rola entre os seios,
Rumo ao ventre desnudo.
Ondas de frios e arrepios,
Selam frenéticas, o mel das palavras.
Fio e teço ações em muitas lavras,
Pernas e coxas rezam mistérios,
Braços e abraços macios,
Dança o ventre desnudo.
Fita a afeição oculta,
A órbita em silêncio, revirada.
Trava a língua solta, uma luta,
No céu da boca, estrelas alcançadas.
Pesa em lágrimas a solidão,
No fio estirante do coração,
Derrama no ventre recluso