Minh'alma
Angélica T. Almstadter
Minh´alma apertada no peito
Tece as minhas aflições
Porque não sabe se defender
Do meu eterno morrer
Do laço quase desfeito
Do meu arsenal de emoções
Minh´alma engasgada na angústia crua
Não aprendeu a filtrar
Os meus desejos tolos
Os meus sonhos escondidos
Na sua aparência nua
Minh´alma se revela leve
Ainda que se debata, atada
Com receios de estar
Com seu devaneios bobos
Ainda que se apague seus sentidos
Que cale a voz com sofreguidão
Minh´alma não apaga o colorido
Do amor que hospeda o coração
Frágil e indefesa
Minh´alma permanece presa
Ao dilúvio que arrasta sua fina estrutura
Aquecida na sua própria essência
De docilidade e ternura
Cultivada na carência
Minh´alma guarda meus apelos
Fecha em copas suas pétalas
Não desata os novelos
Aquieta suas falas
Adormece no colo da noite fria
Entre lágrimas e saudades
Num ritual de agonia
De seus próprios embates
Minh´alma inquieta
Servil se prosta no silêncio total
Enquanto o corpo não se aquieta
E ao redor tudo parece banal
Minh´alma medita
Minh´alma contempla mergulhada
Naquilo que acredita
De forma eternizada.