Como explicar

Angélica T. Almstadter

Como explicar essa agonia permanente

Essa busca incessante por um abraço

Essa sensação eminente

De não ter um ombro...um laço

Onde contabilizo minhas conquistas

Em que parte dessa trilha

Perdi a estrada e as pistas

Da vida que em mim fervilha

Como justificar o gesto carente

O escrever tão denso

O comportamento quase adolescente

A mania de dizer tudo que penso

Como me desculpar por essa angústia

Essa quase monotonia

De querer sustentar a astúcia

Me escondendo atrás da melancolia

Em que hora abracei a solidão

E deixei o cansaço me tomar

Talvez tenha enterrado meu coração

Esquecido o gosto de amar

Como entender essa vontade louca

De mastigar versos convulsivamente

Apertar as palavras na boca

Soltar as emoções como louca

E me derramar tão solenemente

Como controlar essa ansiedade

Se ela me assalta noite e dia

Enche os minhas horas de saudade

Me faz sentir a cama vazia

Já não fujo dos meus desejos

Aceito-os todos placidamente

Algumas vezes amanso-os nos solfejos

Ou deságuo-os mansamente

Nas minhas linhas insinuantes

Como não versejar de forma abundante

Se já não me lembro como era antes

Só sei que trago o peito desatinado

As esperanças todas partidas

O traçado desalinhado

De tantas idas e vindas

Como explicar o que foge a razão

Se me perdi nas torrentes, mares e rios

Nos sentimentos em profusão

Caminhando entre delírios e desvarios

Como explicar esse veia que ferve

Essa fuga constante da realidade

A lucidez invadida pela verve

Como marca de personalidade

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 21/04/2005
Código do texto: T12403
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