Ausência corruptiva
Você nunca está presente
Nem nos momentos bons nem nos ruins
Nunca me faz companhia, mesmo distante
Nunca me diz uma palavra de afago
Nunca me felicita quando convém
Suas palavras perdem-se no ar
nunca chegam até mim
nunca me confortam
nunca me animam
nunca me erguem, quando preciso
Seu silêncio é arma atroz
é remédio amargo, intragável
é como planta sem água
solo sem chuva
Oh, ausência corruptiva!
Chega a sangrar o peito
Adoece o corpo por inteiro
Adormece por entre espinhos
Não recebe o néctar da existência
Quase desfalece, não fosse o amor divino