DE ONDE BROTA A POESIA

(A poesia, a verdadeira poesia, não é um amontoado de rimas e métricas. A poesia, a verdadeira poesia, é para o poeta como um filho é para sua mãe; Quem o vê brincando e sorrindo não pode imaginar a dor que ele exigiu de sua mãe para poder nascer. A poesia, assim como o poeta, muitas vezes também é filha da dor.)

A poesia, o poeta,

Frutos da sombra mais que da luz

Águas sombrias de corredores profundos dos mares

Manufaturadores de dejetos de máscaras

Dos seres que se escondem da luz

A poesia, filha do poeta

Urtiga que queima a alma

E cura o coração

Quando o poeta saiu do jardim de rosas perfumadas

Quando deixou de cultivar as pétalas do amor

E saciou-se de comprar no mercado das futilidades humanas

Então ele viu de perto

E bebeu de um só gole

As abundantes águas da angústia

E os mares salgados da inveja, em turbilhões.

Os mares da falsidade

A hostilidade das máscaras de seres fantasiados

Foram como monstros

Saídos todos de suas cavernas milenares

A perseguir crianças indefesas

Correu de mão em mão

E como mercadoria barata,

De pouquíssimo valor,

Foi desvalorizado mais que moedas de barro

A poesia exala o perfume

De profunda e densa escuridão

Filha do poeta,

Filha da noite,

Filha do ventre inchado

E do parto sem anestesia

Trabalho de parto tão lento,

Dor incessante que mata.

Cádiz, Espanha - 15.03.00

djalma marques
Enviado por djalma marques em 18/03/2006
Reeditado em 30/09/2012
Código do texto: T124782
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