Idas, vindas e repetições

Idas, vindas e repetições

Fatima Dannemann

Quando a vida prega peças

eu ouço uma musica.

Sento no escuro

e apenas ouço uma musica.

Penso na vida

e ouço uma musica.

As vezes sorrio.

Balanço a cabeça.

Mas, ouço uma música.

Sim, ouço uma música

e agora eu ouço uma música

um desses temas de novela.

Tomo um gole de sangria

sentada no escuro

e penso como a vida prega peças.

E eu só queria

descartar a poesia.

Não... eu só queria descartar a poesia.

Mas, eis que a vida me prega peças

detono um disco qualquer

derramo vinho na roupa quase de proposito

só para ficar zangada e parar de escrever.

Não!!!

Eu preciso amputar

a poesia da minha veia.

Mas a vida trapaceia

As palavras ecoam na cabeça

e pulsam nas batidas do ritmo da musica...

A vida prega peças

e eu ouço uma música

Busco qualquer sentimento

que me faça parar de escrever.

Eu não sou poeta

eu não escrevo poemas

eu não embalo ninguem com meus versos

eu não emociono ninguem com minhas palavras.

Apenas escrevo qualquer coisa...

Para poesia

Para música

Para escuro

que venha a luz agora.

Quero sair da sombra da noite

e passear à beira da praia

com uma roupa bem leve e as pernas de fora

tal qual musa de qualquer compositor...

Não...

A poesia insiste.

Entra sem bater e fica.

Não dá.

Não posso.

Eu apenas me sento

e escrevo.

(a música, a sangria,

a revolta e as sombras

são apenas liberdades momentaneas

da imaginação)

Maria de Fatima Dannemann
Enviado por Maria de Fatima Dannemann em 27/10/2008
Código do texto: T1250685