Teoria da relatividade

Quando todos os teus princípios de berço e sua sábia, honrosa e admirável teoria de viver se tornam pó e, teus dias passam a ser o inverso de tuas virtudes...

o que tu te tornas?

Quando toda mudança se atribui a um acontecimento, significa que tua decência sempre foi variável e só não haviam sido brutalmente invertidos vossos valores, por ainda não terem sidos submetidos a prova.

Tudo bem, vamos queimar nossas roupas, cortar nossos pulsos, ler Machado de Assis e trocar Deus por um vício, mas seria inocência de mais querer eu acreditar que quanto mais longe da luz estiver mais claro fica.

Será que é descaso, eu simplesmente sentar em meu sofá e esperar que o mundo venha até mim e jamais mover um dedo se quer, por preocupar-me em como estaria a situação lá fora?

Será que nem inocência nem descaso, seria apenas uma falta de humildade minha eu machucar tanto pessoas que me amam, fingir que mantive o mesmo comportamento de sempre, colocar as duas mãos em meus olhos e ao invés de me mostrar arrependido por perder as pedras que dizia eu serem as mais preciosas em minha vida, eu apenas tentar criar argumentos fictícios com os intempéries do meu coração que hoje bate simulando felicidade no escuro que eu apontasse erros alheios, para tentar justificar os meus?

Talvez nem descaso nem doença, é apenas burrice mesmo.

Seria doença se eu tivesse capacidade de acreditar no surrealismo desse meu mudinho de mentira onde eu me vanglorio por estar correndo na areia movediça, daqui a pouco já estarei nadando e me esforçando cada vez mais, me sentindo um herói por isso, mas só eu não percebo que a cada movimento, eu só afundo mais.

O que me tornei?

Quando não tinha tempo pra ser parte do ombro, arrumei uma vida para ser um escravo acorrentado pelo dedo, hoje percebo que talvez minha tendência seja mesmo pecaminosa, eu coloquei na balança e pude entender que já fiz os céus chorarem com o quebrar das promessas, já escolhi ser joio e preferi ser lama à ser perola por estar fascinado de mais com os porcos.

Mesmo assim eu ainda argumento como se eu acreditasse, ainda ponho a culpa no mundo que parou de girar e não em mim que deixei de ser eu.

Talvez seja a única forma de fugir dessa prisão que minha mente criou, talvez só assim eu não molhe meu travesseiro noite após noite e talvez só dessa forma as músicas não machuquem tanto.

Talvez eu precise acreditar nisso, por mais absurdo que saiba que é, para não me sentir o mal que sempre condenei.

Pessoas me esperaram e eu não pude dar atenção, outros me mostraram a verdade querendo unicamente cuidar de mim, por me terem como irmão e desejarem meu bem, mas eu não entendia, eu estava gritando tão alto que não conseguia ouvir uma palavra do que me diziam.

Só que o grande fato de tudo isso é que enquanto eu não parar de procurar um culpado, eu não vou lembrar que o amor é invariável, eu vou estar me sentindo tão abandonado, que cego, não vou enxergar que eu não estive quando quem me via como um herói mais precisou de mim...

A maior das verdades é que minha teoria de vida sempre foi alva e brilhava como vestes celestes, mas na prática eu sempre a deixei de aplicar.

Hoje eu bati no menino por causa do potrinho e entre a prática e a teoria da minha vida, a um abismo tão sujo e vergonhoso que minha verdade nem mais me convence.

Eu tentei ser relativamente um bom amigo e companheiro, queria eu fazer isso em verdade de todo meu coração, mas hoje vejo nem sei mais o que é uma verdade relativa.

rOg Oldim
Enviado por rOg Oldim em 08/11/2008
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