Lua de Amor

Sob meus ombros cansados

dos fardos do mundo

meu olhar vagamundo

admira o clarão lunar.

Ponho minha espinha ereta

ergo a caneta como seta

esqueço meus dias de dor

e tento tecer um poema de amor.

Esta lua que tanto brilha

não me aponta caminho ou trilha

vagueio vagabundo sem direção

certo que no fim (ou no começo?)

encontrarei o rumo da paixão.

Esta lua que brilha em prata

vira-me a cabeça e a alma

poeta tosco e vira-lata

risco os primeiros versos

na minha palma.

Na ausência de papel

completo meu poema

no tecido do meu embornal

e a lua, indiferente lá no céu

faz-me sentir mais que mero mortal.

Esta lua que brilha em mim

é a mesma lua que brilha em ti

Escrevo versos de amor sem fim

e ela, indiferente, apenas se ri.

Mauro Gouvêa

20/06/2005