INOCÊNCIA
Inocência
Foge com qual idade
A inocência tão bela
No alto do morro
Ao pé da favela
O pivete cresceu
Com uma arma na cara
Com a morte no olho
U’a pedra de craque
Não cresceu muito alto
Por conta da fome
Da droga e da raiva
Mal sabe seu nome
Sua mãe lava roupas
E bebe cachaça
E cospe no mundo
E briga de faca
Inocência era o nome
De sua meio-irmã
Aos cinco estuprada
Padrasto ou irmão
Nunca vai ser adulto
Menino não foi
Regará o asfalto
Sangrando qual boi
Seu corpo franzino
Quem reclamará
Exposto na mídia
Logo sumirá
No jornal a Inocência
Estará semi-nua
Louca gargalhando
No meio da rua